domingo, 27 de dezembro de 2015

CARRETERA, A ESTRADA MAIS BONITA DA AMÉRICA DO SUL!

Dia 8: Cochrane a Villa O’Higgins: 240 km
Diário de Bordo
Hoje o tempo amanheceu bom e limpo. O Padilha acordou mais cedo, e já conseguiu ir no banheiro andando. Tomamos o café, aliás muito bom, fomos arrumar as coisas e ver como estava o pé do Padilha. Fui até uma farmácia ali perto, para ver se estava aberta e comprar uma bota ortopédica ou tala, mas estava fechada, pois era domingo. Enquanto isso, o Capitinga foi ajudar a arrumar as malas da moto do Padilha, e ele foi organizando as roupas para deixar a maior parte possível dentro das malas, e levar com ele somente o necessário e mais leve, já que iria voltar de avião. O capacete, a jaqueta KLIM e o pelego de cima do banco colocamos em um saco de plástico e amarramos, para seguir junto com a moto. O restante, inclusive a bota, coube tudo nas malas laterais da moto. O pé estava mais desinchado, mas ainda dolorido. Ele tomou o café da manhã no quarto. Então fizemos uma reunião, e ali decidimos que iríamos eu e o Capitinga até Villa O’Higgins, ou seja terminaríamos a Carretera Austral, e voltaríamos no outro dia, ou na terça-feira. O Padilha ficaria em repouso ali no quarto, e na segunda-feira teria que providenciar a autorização no cartório, para o guincho levar a moto dele. Só isso. Pedi a dona Suzi, a gerente do hotel, uma senhora muito gente boa, educada e solícita, que cuidasse do Padilha, indo lá a cada hora, levasse almoço e janta pra ele, e colocasse a bolsa quente no pé, além de um remédio caseiro que ela mesma trouxe e ofereceu pra passar no pé machucado. Estava tudo organizado! Resolvemos ali mesmo, abortar a ida a Ushuaia também, já que tanto eu como o Capitinga já fomos lá em 2010/11, e estávamos indo novamente mais para acompanhar o Padilha. Já que ele estava voltando, não teria muita graça ir lá de novo... Além disto, os 4 amigos que estão em Ushuaia, e já voltando de lá (Gaudencio, Marcel, Elieber e Ravedutti), disseram que já estavam retornando, queriam voltar pra casa, e que não iriam nos encontrar mais em El Calafate, aonde tínhamos combinado de passarmos o ano novo juntos. Mais um  motivo pra não irmos mais... E assim decidimos! Então, cancelamos todos os hotéis reservados pelo Booking, na hora. Nos cobraram multa por cancelamento, mas ficou bem  mais barato do que ir e voltar até lá... Fazer o que?!
Assim, a viagem mudou totalmente de rumo. Ficamos ali no hotel até as 10:30 hs, conversei mais um pouco com o casal de alemães, que me contaram da viagem deles. Vão ficar 60 dias rodando pelo sul do Chile, e depois voltam pra casa. O Matias, que também usa uma roupa da KLIM, me disse que um amigo dele encontrou o dono da KLIM (Americano), no Alasca, com uma GS1200, todo equipado com as roupas e acessórios da marca, voltando de uma caça, com um veado amarrado na garupa da moto... rsrsrs... Pensa! Eles estavam indo para Caleta Tortel.
Começamos a nos arrumar para seguirmos até Villa O’Higgins, para fechar o objetivo de chegar até o final da Carretera Austral e talvez fazermos um passeio no glaciar O’Higgins na segunda-feira, se fosse possível, e se o Padilha estivesse bem. Nos despedimos, e acabamos saindo do hotel 11 hs da manhã.
O rípio começou já dentro da cidade, muito bom, e fomos seguindo. A natureza foi muito generosa, e a cada curva parecia ainda mais bela e diferente, com florestas e campos, ladeados pelas montanhas nevadas, realmente um local muito pouco habitado e irretocável, sem quase nenhuma interferência do homem, a não ser a estrada que ali passava! Muitas fazendas, e placas de conservação ambiental, e da preservação do Huemul, um tipo de cervo daqui, que está em extinção.
Eu já sabia que haveria um porto, uma travessia de balsa, a uns 120 km distante de Cochrane, e fomos seguindo. Antes de Caleta Tortel uns 20 km, logo após uma ponte, pegamos de repente um trecho de um rípio profundo e solto, a moto dançou para os dois lados, pernas tentando "caranguejar", a adrenalina foi a mil, e quase comprei um terreno ali... Rapaz, pensa no susto! São locais que acabaram de reformar, e o rípio ainda não está firme o suficiente. Logo depois tinha barro também, mas passamos bem. Realmente o pneu Karoo3 está fazendo a diferença nesta viagem! A tração é outra!
Passamos a entrada de Caleta Tortel, e começamos a subir sem parar, uma montanha, com curvas cotovelo. Depois entramos em um vale, que cortou por entre as montanhas, com muitas cachoeiras ladeando as estradas, dentro de uma mata densa de fechada, com neblina e inicio de chuva. Paisagem mais bonita e exuberante ainda! Logo chegamos no porto Yungay, que fica na metade da distância. Rodamos 125 km em 2 horas. Chegamos lá junto com uma garoa fina. Paramos as motos perto da entrada da rampa de acesso a balsa, só tinha um carro lá, com um casal chileno, o escritório da balsa, e uma cafeteria ao lado. Fomos para a cafeteria, eram cerca de 13 hs, a dona nos disse que a balsa tinha saído de lá as 12 hs e que só voltaria as 18 hs... Ou seja, teríamos que esperar por cerca de 5 horas! Fazer o que?! Ficamos lá! A chuva foi só aumentando, e foi chegando mais gente, de carro, de van, de bicicleta e de moto! Este último, de moto, um canadense que mora nos USA, o Cris, com uma Honda 650cc, toda equipada e carregada, já foi do Alasca a Ushuaia, depois Colômbia e Bolivia (aonde foi assaltado 2 vezes), está rodando a América do Sul e em breve irá ao Brasil. Conversamos bastante, trocamos idéias, e assim foi passando o tempo.
Enfim chegou a balsa, manobrou e ficamos esperando chamar. Por volta das 17:30 hs começaram a chamar, primeiro as motos, e depois os carros. Sempre debaixo de chuva. Entramos primeiro na balsa, estacionamos as motos lá no fundo, e ficamos lá esperando a travessia, de 45 minutos. A balsa é do governo do Chile, e não tem custo algum para os usuários. Os horários de travessia são 10 hs, 12 hs e 18 hs, para quem vai de Cochrane a Villa O’Higggins e 11 hs, 13 hs e 17 hs para quem vai no sentido contrário. Entraram na balsa gente de todo lugar do mundo. Da Europa, Austrália, Canadá, USA, Chile e Brasil. Aqui tem gente do mundo todo! Já quase chegando no porto, já nos arrumamos, colocando capa, casacos, luvas de inverno, balaclava, etc... Saímos preparados para o pior!
Fomos embaixo de chuva forte e sem parar, e fizemos os 110 km restantes da Carretera, até Villa O’Higgins. Muitas curvas, montanhas, lagos, florestas, etc... Havia muita neblina também, e o Capitinga com o capacete embaçando, tomando todo o cuidado pra não complicar a pilotagem. O Cris, o americano, com uma moto 650 cc e bem mais leve, nos disse que tocava a 100 km/h de média no rípio, e foi na nossa frente. Mas não foi isso que vimos, pois nós estávamos acompanhando e chegamos juntos no destino, mando andando a 60-80 km/h. A chuva complica um pouco, mas o rípio excelente e muito firme, sem problema algum, facilitou a tocada. Chegamos na vila as 20:30 hs.
Fomos para o hotel, na verdade uma cabana, que já havia reservado pelo Booking (Ruedas de La Patagonia). A Angelica, dona e gerente, nos atendeu muito bem, tomamos um banho, e fomos jantar ali perto, à pé mesmo, com capas, pois a chuva não parou mais!
Jantamos uma carne de panela com arroz, e pra variar um vinho tinto.
Agora é descanso que amanhã faremos o passeio final no Glaciar O'Higgins, para fechar a Carretera com chave de ouro!

Continuem conosco!

4 comentários:

  1. Show de matéria pessoal.
    Parabéns aos viajantes, sigam mandando informações e quando possível as imagens.

    Abraços

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  2. Show de matéria pessoal.
    Parabéns aos viajantes, sigam mandando informações e quando possível as imagens.

    Abraços

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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Quem sou eu

Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brazil
51 anos, casado, zootecnista, empresário, carnívoro convicto e motociclista.