domingo, 8 de novembro de 2015

Desafio Experience Floripa: 3.500 km em 5 dias que valeram a pena!

Fiquei algum tempo sem postar nada, ate porque nao estava com astral nem fiz nada que valesse a pena postar neste periodo. Em um repente, acabei trocando de moto e pegando outra GSA zero km (15/15), azul, no final de setembro. Andei pouco na moto no primeiro mes apos a compra, pois começou a chover muito por aqui. So fiz um bate e volta em Jardim (almoço na casa do Nelson), fiz a revisão de 1000 km e estava esperando alguma coisa. E apareceu!
Ja faz tempo que venho acompanhando os cursos e eventos do Vantuir na região de Florianopolis, e havia um desafio que eu sempre quis fazer, pois passa por uma interior de SC que eu nao conheço, de moto, e queria muito andar pelas estradas vicinais e de terra. Acabei ligando para o Vantuir em um domingo a tarde, depois de ver o anuncio do desafio no Facebook, e ele me disse que ainda havia vaga. Ja fui desenhando na minha cabeça a viagem, pois tinha o feriado de finados dia 02/11 na segunda. O trecho era longo, ida e volta quase 4 mil km em pouco mais de 5 dias, mas era o que eu queria: andar na minha moto nova, experimentar a maquina, ja equipada com as malas da Idea-Pro, mala de tanque, etc... Alem disto faria o desafio off do Vantuir, que ha tanto tempo quero fazer! Fechou! Peguei uma semana de correria, com mudança de tabela de preços na empresa, e acabei saindo de casa na quinta-feira quase 15 hs.

Moto pronta!
Consegui rodar mais de 500 km, e dormi em Sarandi/PR, no hotel San Lucas, que sempre fico, as margens da rodovia. Me cansei, e mesmo usando a almofada de ar Airhawk, a dor no cóccix foi muito forte, a ponto de doer mesmo deitado na cama, a noite! Mandei um recado para o Vantuir tentar comprar o Arcoxia 90, meu remedio favorito quando se trata de dores na coluna e arredores. No outro dia cedo, passei em uma farmacia perto do hotel, e me indicaram um outro remedio, analgesico e anti-inflamatorio, que tomei e peguei a rodovia.
Clima fresco e gostoso, com muito vento. De Maringá até Curitiba a regiao é alta, acima de 800 metros, alguns locais passa de 1000 metros, com serra e muita curva. Viajar solo tem as suas vantagens, voce para aonde quer, faz o que quer, sem precisar se preocupar com ninguem. Tinha pouco mais de 700 km pra andar ate Floripa, tranquilo para 1 dia de viagem. A dor no cóccix melhorou um pouco, e após passar por fora de Curitiba, resolvi passar em Joinville, para conhecer a loja física da Touratech. Cheguei lá por volta das 15 hs, é uma loja pequena, mas tem bastante acessorio. Tinha 2 motos lá instalando acessórios, uma GSA1200 e uma GS800. Acabei colocando alguns acessórios tambem, pouca coisa, mas me segurou na loja e sai de lá já passado das 17:30 hs. Peguei a BR101 que mesmo duplicada, comecou a congestionar nas proximidades de Navegantes. Quando o transito parou, comecei a andar no corredor dos carros, mesmo sem gostar muito de fazer isto, mas a moto nos permite estes atalhos. Em um momento, o corredor trancou e sai para o acostamento, e em um relance passei em cima de alguma coisa, parecida com uma chave ou parafuso grande. A moto deu um pulo e saiu de traseira. Rodei uns 500 metros e começou a acusar no painel que o pneu traseiro estava murchando. O pedaco de metal acabou rasgando o pneu traseiro, nao tinha como consertar. Já era passado das 18 hs, estacionei a moto ali mesmo as margens da rodovia e ja liguei para a Touratech, que estava a uns 70 km dali, para comprar outro pneu. Me disseram que não tinha a medida da minha moto, mas me indicaram uma loja de Balneario Camboriu que tinha. Logo me ligaram da tal loja (Soul Motos), e disseram que tinham o pneu. Não era da mesma medida da minha moto (ao invez de 170/70/17 era 150/70/17), mas serve também. Um motoboy levou o pneu na rodovia pra mim, em meia hora estava lá. Paguei ali mesmo com o cartão de crédito. Neste meio tempo, liguei para o meu seguro (Porto Seguro), e pedi um guincho para levar a moto até Floripa, que estava a uns 100 km dali. Não quis rodar com o pneu vazio, com medo de estragar a roda da moto, que é muito pesada. Mas não adiantou muito... O guincho não chegava nunca, passou mais de 3 horas, eu liguei várias vezes para a Porto, e nada de guincho, até que acabou a bateria do meu celular. Resolvi tocar uns 5 km até um pouco mais a frente, por seguranca. Cheguei lá já eram quase 10 hs da noite. Consegui carregar o meu celular, e liguei de novo para a porto. Parece que deu certo, pois 15 minutos depois o guincho chegou. O cara do guincho, muito simpatico e grande apreciador de motos, tinha assunto para viajar uns 3 dias sem parar e conseguiu dissipar a minha raiva de ter ficado por tanto tempo ali esperando! Chegamos em Floripa 1 hora da manhã, descarregamos a moto, subi para o apartamento, tomei um banho e fui dormir quase 2 horas. Dormi pouco mais de 4 horas, pois sabia que 6:30 hs viria no hotel uma pessoa para trocar o pneu da moto. E realmente veio. O cara não queria trocar o pneu, pois nunca havia mexido em BMW, mas ajudei ele e deu tudo certo. Me deu raiva de mim mesmo, por não ter me virado e trocado este pneu eu mesmo, em alguma borracharia, lá na rodovia e resolvido o problema, sem ter que esperar o tal do guincho do seguro! Mas tudo bem!
Tomei café, subi, arrumei as coisas e fui para o posto, que fica ao lado do hotel (Ibis São José), para a minha sorte! Já haviam algumas motos por lá, e o tempo ruim, fechado e com garoa fina. Pensei: "Isto não vai dar certo..." rsrsrs... Comecei a cumprimentar a turma, não conhecia o Vantuir pessoalmente, só por internet, pois tenho todos os documentarios dele, além do Jackson, Bocão e o restante da equipe e dos integrantes do passeio. A maioria das motos eram GS800 ou Tiger800, mas logo chegou uma outra GSA igualzinha a minha. Chegaram também o Castilho, amigo do Renato Lopes, que havia me falado dele. Fechamos 12 motos, uma turma boa! Saimos por volta das 9:30 hs da manhã do posto Gallo, sentido sul. Rodamos por uns 20 km, e já entramos à direita, em uma estrada vicinal de terra. Estava com um pouco de barro, mas era de um tipo de picarra, com um pouco de pedra, e por isso não escorregava. Mas logo à frente havia um atoleiro e já havia um colega no chão... Era o Castilho! Fiquei ali olhando, e resolvi passar, "caranguejando" como se diz, e deu certo. Continuamos à frente, e a estrada foi melhorando. Depois de uns 15 km, voltamos para a 101 e pegamos sentido sul. Acho que entramos em Imbituba, à esquerda, para a praia. Rodar na areia da praia era uma coisa que nunca havia feito antes, e foi muito legal! A areia é dura, não representa risco algum, desde que voce ande perto da água do mar. Rodamos uns 40 km pela praia, saindo e entrando de praia em praia! Muito legal!


Este trecho de praia pra mim já pagou a viagem! Foi demais! Fizemos um lanche por ali, pois já eram mais de 11 da manhã. Tanto pra entrar como para sair da praia, pegamos areia fofa, e ali alguns deitaram a moto, mas normal, moto muito pesada, e com a moto quase parada.
Parada para o lanche

Com Bocão e Jackson

O Vantuir sempre simpatico e ajudando a todos

Rodar com as motos na areia da praia não tem preco!
Nas saidas da praia tinha um pouco de areia fofa...
Depois do trecho de praia, atravessamos novamente a BR101 e rumamos para a serra do Rio do Rastro, só que por um caminho alternativo, de cascalho. Nestas alturas, o tempo já estava totalmente seco, e as estradas com poeira. Curti demais estas estradas, me soltei na pilotagem, e achei a moto nova mais firme e melhor no off do que a outra. Usei o modo Enduro o tempo todo, e na rodovia alternei entre o Road e o Dynamic, que achei melhor.
Subimos a serra pelo asfalto, e lá em cima, saimos para uma fazenda (Aparatos da Serra), uma região que tem as torres de energia eólica, muito bela, só que a neblina encobriu tudo, não dava pra ver quase nada! Rodamos uns 10 km de cascalho com pedra solta e chegamos em uma fazenda, aonde foi o nosso almoco. Lugar muito legal! Almocamos e ficamos por ali uma meia hora descansando...




Saimos com destino a São Joaquim (parque nacional), para dormir dentro do parque, em uma fazenda bem no meio do parque, acampados em barracas, que aliás nunca tinha experimentado em viagem de moto. A estrada de terra com muita pedra solta, mas estava seco, e deu pra passar de boa, apesar de alguma dificuldade de alguns. Teve uma ponte que não tinha a parte do meio no final, alguns não tiveram coragem de passar também. Chegamos na sede da fazenda no final da tarde, sob neblina e frio de 13 a 15 graus.
Montamos as barracas uns 150 metros pra baixo da sede, perto de um banheiro. O tempo fechando com a neblina, montei a barraca ao lado da minha moto, e coloquei uma lona por cima, com medo de chuva...
Tomamos banho e fomos para a sede, aonde fomos recepcionados com vinhos e um belo jantar com direito a risoto de camarão do Bocão e outros quitutes muito bons!
Descemos para dormir já era quase meia noite, eu estava passado de sono, tinha dormido pouco a noite anterior, e o dia todo rodando em estradas de terra cansam bastante... Apaguei dentro do saco de dormir, mas acordei várias vezes, ou com frio ou com dores nas pernas, por causa do chão duro, pois não levei colchonete inflável. Fui o primeiro a acordar, às 6 hs da manhã, foi pro banheiro, voltei e já liguei a moto pra acordar a turma... rsrsrs... Todos de ressaca, foram levantando e levantando o acampamento. Fomos para a sede tomar o café da manhã, e comecou a chover forte. Muita gente retirou a bagagem e colocou nas camionetes de apoio, o que eu devia ter feito também... Depois fui ver... Saimos, eu com um receio danado de barro liso e tombo, mas como tem muita pedra, fomos seguindo... Até encontrar uma das motos caída, em uma subida íngreme, com muita pedras soltas, que com a chuva ficaram muito lisas. Descemos, fomos ajudar a levantar a moto do Léo (GS1200 a ar), depois voltamos e eu fui o primeiro a enfrentar a tal subida. Mas não consegui, e deitei a moto também. Estava um quiabo de liso, e a moto escorregou a traseira dando um cavalo de pau, em um degrau de pedras. Mas nada aconteceu nem com a moto nem comigo, apenas bati a canela no motor, mas estava com a bota. Seguimos e mais à frente, eu cai de novo em uma outra subida, por causa das pedras molhadas! Acabei de subir, e parei logo à frente, já bastante cansado e de saco cheio daquilo ali. Por recomendacao de um amigo, retirei as malas laterais da moto, e coloquei na camionete do Bocão. A moto era outra! Sem as malas, ficou muito mais fácil equilibrar a moto, e fazer o jogo das pernas e do corpo. Devia ter feito isto lá na sede, antes de comecar!
Com tudo isto, várias pessoas simplesmente não enfrentaram as pedreiras e deram a moto para os instrutores levar (Vantuir e Jackson), e demoramos quase 3 horas pra andar 16 km até a saída do parque. Neste trecho, quem estava com moto mais leve e sem as malas se deu melhor.
Saimos do parque e paramos em um posto em São Joaquim, para um lanche e esperar as camionetes, que se perderam do comboio, pegaram um caminho errado. A minha perna esquerda comecou a doer na altura da canela, e fui em uma farmacia, e comprei um spray de analgésico, e melhorou um pouco, mas mesmo assim ainda estava doendo. É impressionante como o efeito psicológico de uma queda, mesmo que pequena, tem no seu modo de pilotagem e no seu moral! Eu fiquei arrasado, e nada pra mim estava bom! Queria ir direto para um hotel e descansar naquele domingo a tarde!
Saímos de São Joaquim já tarde, quase 15 hs, sem almoco, com destino a São José dos Ausentes, aonde seria a parada para o "almojanta" como disse o Castilho... rsrsrs... Paramos em uma Cantina para almocar. Dali seguimos para fazer o tal do Passo do S que é uma travessia de rio, de cerca de 100 metros, por uma laje. Eu não queria mais fazer nada, mas o grupo todo foi, e segui junto. Paramos junto ao rio, tinha alguns carros por lá, que ficaram esperando para ver a nossa travessia. Na verdade, esta travessia não é feita sozinho, cada piloto vai na sua moto, ladeado por duas pessoas, que vão segurando e dando apoio, pois é cheio de buracos nas pedras, além de ser muito liso. É tombo na certa, pra quem se aventura por ali sem saber! Seguimos um a um, molhando totalmente os pés naquela água gelada, e fomos parando no meio da travessia, esperando os outros colegas. Depois acabamos a travessia, e na parte final, nos últimos 30 metros, cada um levou a sua moto sozinho, sem problemas.
Sede da fazenda aonde pernoitamos no sábado

Barraca ao lado da azulona!

Acampamento montado!

Rio dos Ausentes, divisa SC/RS

Renato, Sérgio e Castilho no almojanta de domingo

Motos aguardando a travessia do paso do S

Travessia feita!

Parada no meio

Pedreira solta no parque São Joaquim... Dureza!
Saímos do Paso do S, e rodamos mais uns 10 km de terra, até chegarmos no asfalto, quando comecou a chover mais forte, e um frio de 11 graus! Eu não tinha colocado a capa, e segui assim mesmo, passando frio, chuva, pés molhados e frios, e com a perna esquerda doendo... Foram uns 70 km bem difíceis! Mas enfim chegamos em São Francisco de Paula, em um hotel muito bom, bem no trevo de entrada da cidade. Peguei um quarto sozinho, com aquecedor e cama de casal. Que coisa boa! Fui arrumar as minhas coisas, limpar as malas, e tentar secar as botas. Um bom banho quente, e nem janta eu queria! Pensa no cansaco! Mas acabei indo jantar com a turma, e foi a melhor coisa que eu fiz. Havia uma lareira no hotel, um ambiente muito aconchegante, e o papo rolou. Jantamos uma truta excelente, e acabei de jantar e fui dormir. Apaguei, fui acordar era 7 hs da manhã de segunda, feriado de finados, dia 01 de novembro. O tempo fechado e chovendo... Fui tomar café da manhã, já tinha gente vestido pra sair, mas deu tempo tranquilo de tomar café e me arrumar. Depois fomos carregar as motos, malas, etc... Saimos do hotel era mais de 9 hs, com destino a serra da rocinha, que fica uns 50 km depois de Cambará do Sul, em uma estrada de cascalho. A chuva não parou hora nenhuma, mas a estrada tinha muita pedra, e não escorregava. Havia muita neblina também, impedindo quase toda a visão à frente e dificultando bastante a pilotagem. Chegamos no ponto mais alto, aonde tem uma rampa de salto de asa delta, mas não dava pra ver nada abaixo, por causa da neblina. Ali comecamos a descer a serra, e foi bem legal, pois o solo bem compactado ajudou bastante e ainda com pedras finas. Me soltei e comecei a curtir aquela pilotagem, até chegarmos lá embaixo. Paramos em uma cidadezinha, esperamos as camionetes para fazer um lanche e depois seguimos para Laguna, agora só asfalto, para finalizar o passeio com um almoco e a entrega dos certificados. Dali seguimos todos ao norte, embaixo de muita chuva. Eu consegui ir até Joinville, chegando lá já quase 9 da noite. No outro dia, passei um pouco na Idea-Pro pra conhecer e falar com o Rodrigo a respeito das minhas malas, que estavam com dificuldade para abrir depois de tanta poeira e barro. Ele arrumou tudo, e segui até Nova Andradina, rodando quase 900 km. Cheguei em casa as 10 hs de quarta. Foi uma grande e diferente aventura, alguns me questionaram porque colocar uma moto desta, novinha, em uma aventura desta, e eu pergunto: porque não?! A vida é muito curta para ficarmos com medo destas coisas, e temos que ir realizando os nossos sonhos, sejam quais forem, um de cada vez! E vamo que vamo!











Quem sou eu

Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brazil
51 anos, casado, zootecnista, empresário, carnívoro convicto e motociclista.