Brincamos toda hora falando: hoje começou a nossa viagem! Na verdade era para ser em Osorno, após a revisão das motos, mas começou pra valer em Puerto Varas, na quinta, quando fizemos o primeiro passeio, e o tempo ajudou, abrindo o sol.
Na quarta acordamos, tomamos o café, e fomos fazer um câmbio no centro de Osorno. Não gostei muito da cidade de Osorno, achei que era melhor... Andamos por várias casas de cambio, mas tudo abre tarde, as 10 hs, e finalmente conseguimos achar uma (1 dólar = $685 pesos chilenos), e seguimos para a Motoaventura pra pegar as motos e irmos para o hotel. As motos já estavam prontas, só pagamos a conta e fomos correndo para o hotel, pois já estava em cima da hora de sair. Acabei também comprando uma bota nova, pois a minha soltou o solado. Ainda bem que foi lá! Todos compraram alguma coisa, pois a loja é muito boa e vale a pena.
Seguimos para Puerto Varas, a 80 km de Osorno, com clima frio e ameaçando chuva, para almoçar e conseguir um hotel. Abastecemos, perguntamos, e resolvemos ir para um hotel, deixar as coisas e depois almoçar. Parei no primeiro, muito caro, e fui para o segundo da lista do GPS, e ficamos lá mesmo, pois fizeram uma proposta muito boa. Só trocamos de roupa, e fomos almoçar, que a fome era grande, quase 15 hs. Após o almoço, fomos descansar, a gripe bateu duro, tomei uns remédios e apaguei. O Capitinga e o Padilha foram dar umas voltas na rua e eu fiquei no hotel. À noite fomos jantar, no hotel mesmo, um peixe. No outro dia cedo, como tínhamos praticamente o dia todo livre, já que a balsa para Chaiten sairia somente às 23 hs, e Puerto Montt fica a 20 km de Puerto Varas, resolvemos ir conhecer o vulcão Osorno, a 60 km dali, de moto. Fizemos o checkout do hotel, pois senão teríamos que pagar mais uma diária (aqui não tem choro nem vela, passou das 12 hs tem que pagar...). Aliás o hotel foi um achado, provavelmente o melhor hotel da viagem, em Puerto Varas (Cabanas do Lago), por US$78/quarto duplo, PENSA NO HOTEL. Top! Fomos ver o tal do vulcão, que teimava em não aparecer, encoberto. Logo chegamos, não sem antes vir uma garoa e termos que parar e colocar capa (haja paciência...). O frio como sempre, entre 12 e 14 graus, e conforme fomos subindo e chegando perto do vulcão, foi esfriando mais e mais, até chegar nos 5 graus lá em cima. No caminho passamos por uma camionete SW4 placa do Brasil, de Brusque/SC, era um casal. Chegamos lá, paramos as motos e fomos tomar um café. Logo chegaram vários brasileiros, a maioria casais, sempre perguntando: "Mas vocês vieram rodando?!" kkk! É sempre esta a pergunta e o espanto. Resolvemos tomar o teleférico, daqueles para esquiar, e ir até a próxima estação. Nunca tinha andado naquilo, e achei bem interessante. Quando estávamos perto de descer, o vulcão resolveu dar o ar da graça e apareceu, explêndido e todo branco de neve! Realmente valeu a pena ter ido lá!
Voltamos, fomos no hotel, pegamos as coisas e rumamos para Puerto Montt. Chegamos lá, abastecemos e fomos procurar aonde seria o embarque das motos, e o escritório da companhia aonde compramos os bilheres (Naviera Austral). Na verdade fica bem na frente do porto, em um tipo de rodoviária, aonde várias empresas tem guichê, mas estava fechado e só abriria as 18 hs. Fomos então almoçar. Rodamos pela orla, no sentido sul, e vi umas placas indicando Carretera Austral. Seguimos por ali, perguntei para uma pessoa a respeito de restaurante, e ele me indicou um mais a frente. Paramos, um lugar meio simples mas com bom atendimento, a própria dona veio nos atender. Pedimos a especialidade da casa, uma "parrilla", ou um pequeno buffet de carnes. Senha do wifi, um vinho, salada, comemos, e todos baixando as fotos e mensagens, como de praxe... rsrsrs... Tínhamos a tarde toda pra esperar, peguei a moto e resolvi, sozinho, ver até aonde ia este início da Carretera, para o sul. Andei por uns 45 km ao sul, por uma estrada muito bonita, até acabar em uma espera da balsa. Ali começa a Carretera Austral! Em Puerto Montt! Voltei, e fomos procurar o marco zero. Logo achamos o km zero (na verdade 0,1), e tiramos umas fotos, mas nada de muito legal, apenas uma placa de estrada normal. Paramos um pouco ali no centro da cidade, parou um cara de moto, puxou assunto, conversamos um pouco, e já voltando ao porto, paramos em um mercado, pra comprar comida e bebida (vinho, uns pães, queijo), para passar o nosso natal, na balsa, pois não sabia como era. Depois voltamos ao porto, já eram mais de 18 hs, fizemos o "check-in", imprimimos os bilhetes e as guias de embarque, e o cara disse pra voltar somente as 21:30 hs para o embarque. Como não tínhamos pra aonde ir, fomos até um posto, e ficamos lá esperando, comendo uns lanches, e tal, até dar a hora.
Às 21 hs, seguimos para o porto, direto no portão de embarque. A balsa já estava lá, com as portas abertas. Do jeito que chegamos, já fizeram sinal para entrar lá dentro, já amarramos as motos e pronto! A balsa é bem grande, com boa estrutura, tem até um pequeno restaurante, e as poltronas (butacas) muito confortáveis, iguais de avião, reclináveis. Tinha em torno de 250 cadeiras, mas somente 50 pessoas, logo, sobraram cadeiras, e deu pra dormir tranquilo! Abrimos o vinho, meio às escondidas, e eu e o Capitinga tomamos rapidinho, logo que a balsa saiu, exatamente as 23 hs. Acho que no máximo meia noite, apagaram as luzes internas, e todos estavam dormindo, daquele jeito, mas bem melhor do que imaginei. O ambiente era climatizado, quente, e dormimos até bem. Acordei eram 6 hs da manhã, fui ao banheiro, escovei os dentes, e fui pegar o lanche que havia comprado no mercado (pão, queijo e chocolate em caixa). Serviu bem, pois a lanchonete da balsa só abriria as 8 hs, ou seja, quando chegasse em Chaitén. Comemos, e ficamos ali esperando chegar. Foram exatamente 9 horas de balsa. Pagamos em torno de US$50,00/pessoa+moto. Dava pra ver as montanhas da Carretera do lado esquerdo, e logo chegamos. Antes mesmo da balsa ancorar, já estávamos montados nas motos, com tudo pronto. Quando ancorou, fomos os primeiros a descer, e já seguimos pelas ruas de Chaiten. É uma cidade bem pequena, tem um posto da Copec, uns escritórios de empresas de navegação, hotel, etc... Paramos pra tirar umas fotos, e seguimos então a nossa viagem, agora sim, estamos em plena Carretera Austral!
O asfalto perfeito, muito bom, e as montanhas nevadas ao fundo, começaram a nos hipnotizar, e realmente mostrar que valeu a pena ter vindo até aqui! Provavelmente esta é uma das estradas mais bonitas do planeta! Tem asfalto até uns 45 km após Chaitén. Paramos umas duas ou tres vezes para tirar fotos. Quando começou o rípio, muito bom, paramos também algumas vezes. Como estão mexendo para asfaltar, em uns desvios, tomamos alguns sustos, atravessando uma água, com muita pedra solta no fundo, as motos afundaram e quase atolaram, mas saímos bem. Depois teve um trecho de barro, mas como o solo aqui é pedregoso, não escorrega, além dos pneus karoo3 ajudarem bastante também. Logo já estávamos acostumados com o rípio e curtindo bastante. Mas logo também acabou, e recomeçou o asfalto, exatamente no trevo que vai para Futaleufu. Na verdade, estão asfaltando a Carretera, e daqui a 1 ou 2 anos, vai estar tudo asfaltado. Hoje, dos aproximadamente 400 km entre Chaiten e Coyhaique, não rodamos 150 km de rípio no total, em pedaços intercalados, e muito bons. Somente estes desvios, logo no inicio, e alguns pedaços com rípio solto, novo, que tem que entrar com cuidado, mas nenhum susto nem nada. Paramos em La Junta, lá pelas 11:30 hs, e fomos almoçar. Na verdade queríamos matar a saudade daquele lugar, que tínhamos parado em 2010, a exatamente 5 anos atrás. E lá estavam os adesivos da nossa viagem, colados na porta do hotel! kkkk! Muito legal! Pedimos um almoço, um salmão com salada, e enquanto isso aproveitei para baixar os vídeos e fotos no notebook, pois as câmeras estavam cheias. Almoçamos, e ficamos ali um pouco, esperando o Padilha dar uma soneca, até meio dia e meio. Saímos, tinha um pouco de asfalto, e logo veio o ripio, solto, mas muito bom. Antes da pequena Puyuhuape, veio o rípio antigo, que eu gosto bem mais, pois é mais firme, e muito melhor pra andar. Descemos e subimos muitas montanhas, vimos paisagens espetaculares, montanhas nevadas, vales, morros de pedra pura, pastos verdes cheios de gado (sempre vermelho e branco, parecendo holandês), e por ai fomos! Paramos em uma pequena vila Manihuales, e abasteci. Tinha abastecido em Puerto Montt, rodei uns 100 km lá, e depois 340 km. Qual não foi a minha surpresa, pois a moto fez 20 km/litro! Foram 22 litros para 440 km! Rodando mais devagar, gasolina pura, além da revisão de 10 mil km ter feito algum ajuste. Bom demais! Seguimos, agora por asfalto, continuando as paisagens belíssimas, com destino a Puerto Aysen. Começou a ventar e esfriar. Mesmo marcando 18 e 19 graus, o vento parecia vindo de uma geladeira, muito frio. Eu tinha tirado a segunda pele em La Junta, pois estava calor (20 graus com sol), e comecei a passar frio... Chegamos em Aysen, mas não vi nada de interessante, e o tempo fechando, frio... Voltamos na estrada sentido Coyhaique, uma estradinha cheia de curvas, estreita, de concreto. Firmei a tocada, um pouco acelerada para aquela estrada (110/120), pra chegar logo, e fui no endereço do hotel que o Martin tinha me indicado. Mas estava cheio. Na outra esquina achamos um hotel (Los Nires), e estamos aqui agora.
Pessoal, pra quem está na dúvida se vem ou não, se vale a pena ou não conhecer a Carretera Austral, eu digo uma coisa: VENHA LOGO! Esta estrada é muito bonita, dá de 10 a zero em qualquer rodovia do Brasil e América do Sul, e talvez do mundo. E o rípio está acabando. Daqui a 2 anos não vai ter mais rípio, talvez somente na parte final, de Cochrane a Villa O'Higgins.
Amanhã seguiremos até Cochrane, cerca de 340 km ao sul, passando pelo Puerto Tranquilo, fazer o passeio das Capilas de Marmore, e no outro dia iremos até o final da carretera, em Villa O'Higgins. Passaremos dois dias por lá!
Um grande abraço, e continuem conosco!
Show de fotos Márcio.
ResponderExcluirParabéns pela matéria.
Maravilha!!!
ResponderExcluirEStou de água na boca!!!
Será minha próxima viagem!
Deus lhes acompanhem!
Abração,
Marilton