Dia 8: Cochrane a Villa
O’Higgins: 240 km
Diário de Bordo
Hoje o tempo amanheceu bom e limpo. O Padilha acordou mais cedo, e já conseguiu ir no banheiro andando. Tomamos o café,
aliás muito bom, fomos arrumar as coisas e ver como estava o pé do Padilha. Fui
até uma farmácia ali perto, para ver se estava aberta e comprar uma bota
ortopédica ou tala, mas estava fechada, pois era domingo. Enquanto isso, o Capitinga foi
ajudar a arrumar as malas da moto do Padilha, e ele foi organizando as roupas
para deixar a maior parte possível dentro das malas, e levar com ele somente o
necessário e mais leve, já que iria voltar de avião. O capacete, a jaqueta KLIM
e o pelego de cima do banco colocamos em um saco de plástico e amarramos, para seguir
junto com a moto. O restante, inclusive a bota, coube tudo nas malas laterais da moto. O pé estava mais desinchado, mas ainda dolorido. Ele tomou o café da manhã no quarto. Então fizemos uma reunião, e ali decidimos que iríamos eu e o Capitinga até
Villa O’Higgins, ou seja terminaríamos a Carretera Austral, e voltaríamos no
outro dia, ou na terça-feira. O Padilha ficaria em repouso ali no
quarto, e na segunda-feira teria que providenciar a autorização no cartório, para o
guincho levar a moto dele. Só isso. Pedi a dona Suzi, a gerente do hotel, uma senhora muito gente boa, educada e solícita, que cuidasse do Padilha, indo lá a cada hora, levasse almoço e janta pra ele, e colocasse a bolsa quente no pé, além de um remédio caseiro que ela mesma trouxe e ofereceu pra passar no pé machucado. Estava tudo organizado! Resolvemos ali mesmo, abortar a ida a
Ushuaia também, já que tanto eu como o Capitinga já fomos lá em 2010/11, e estávamos indo novamente mais para acompanhar o Padilha. Já que ele estava voltando, não teria
muita graça ir lá de novo... Além disto, os 4 amigos que estão em Ushuaia, e já voltando de lá (Gaudencio,
Marcel, Elieber e Ravedutti), disseram que já estavam retornando, queriam voltar pra casa, e que não
iriam nos encontrar mais em El Calafate, aonde tínhamos combinado de passarmos o ano
novo juntos. Mais um motivo pra não irmos mais... E assim decidimos! Então, cancelamos todos os hotéis reservados pelo Booking, na
hora. Nos cobraram multa por cancelamento, mas ficou bem mais barato do que ir e voltar até lá...
Fazer o que?!
Assim, a viagem mudou totalmente de rumo. Ficamos ali no hotel até
as 10:30 hs, conversei mais um pouco com o casal de alemães, que me contaram da
viagem deles. Vão ficar 60 dias rodando pelo sul do Chile, e depois voltam pra
casa. O Matias, que também usa uma roupa da KLIM, me disse que um amigo dele
encontrou o dono da KLIM (Americano), no Alasca, com uma GS1200, todo equipado
com as roupas e acessórios da marca, voltando de uma caça, com um veado
amarrado na garupa da moto... rsrsrs... Pensa! Eles estavam indo para Caleta Tortel.
Começamos a nos arrumar
para seguirmos até Villa O’Higgins, para fechar o objetivo de chegar até o
final da Carretera Austral e talvez fazermos um passeio no glaciar O’Higgins na
segunda-feira, se fosse possível, e se o Padilha estivesse bem. Nos despedimos, e acabamos saindo do hotel 11 hs da
manhã.
O rípio começou já
dentro da cidade, muito bom, e fomos seguindo. A natureza foi muito generosa, e
a cada curva parecia ainda mais bela e diferente, com florestas e campos,
ladeados pelas montanhas nevadas, realmente um local muito pouco habitado e
irretocável, sem quase nenhuma interferência do homem, a não ser a estrada que
ali passava! Muitas fazendas, e placas de conservação ambiental, e da preservação do Huemul, um tipo de cervo daqui, que está em extinção.
Eu já sabia que haveria um porto, uma travessia de balsa, a uns
120 km distante de Cochrane, e fomos seguindo. Antes de Caleta Tortel uns 20
km, logo após uma ponte, pegamos de repente um trecho de um rípio profundo e solto, a moto dançou para os dois
lados, pernas tentando "caranguejar", a adrenalina foi a mil, e quase comprei um terreno ali... Rapaz, pensa
no susto! São locais que acabaram de reformar, e o rípio ainda não está firme o suficiente.
Logo depois tinha barro também, mas passamos bem. Realmente o pneu Karoo3 está
fazendo a diferença nesta viagem! A tração é outra!
Passamos a entrada de
Caleta Tortel, e começamos a subir sem parar, uma montanha, com curvas
cotovelo. Depois entramos em um vale, que cortou por entre as montanhas, com
muitas cachoeiras ladeando as estradas, dentro de uma mata densa de fechada,
com neblina e inicio de chuva. Paisagem mais bonita e exuberante ainda! Logo
chegamos no porto Yungay, que fica na metade da distância. Rodamos 125 km em 2
horas. Chegamos lá junto com uma garoa fina. Paramos as motos perto da entrada
da rampa de acesso a balsa, só tinha um carro lá, com um casal chileno, o
escritório da balsa, e uma cafeteria ao lado. Fomos para a cafeteria, eram
cerca de 13 hs, a dona nos disse que a balsa tinha saído de lá as 12 hs e que
só voltaria as 18 hs... Ou seja, teríamos que esperar por cerca de 5 horas!
Fazer o que?! Ficamos lá! A chuva foi só aumentando, e foi chegando mais gente,
de carro, de van, de bicicleta e de moto! Este último, de moto, um canadense
que mora nos USA, o Cris, com uma Honda 650cc, toda equipada e carregada, já
foi do Alasca a Ushuaia, depois Colômbia e Bolivia (aonde foi assaltado 2
vezes), está rodando a América do Sul e em breve irá ao Brasil. Conversamos
bastante, trocamos idéias, e assim foi passando o tempo.
Enfim chegou a balsa,
manobrou e ficamos esperando chamar. Por volta das 17:30 hs começaram a chamar,
primeiro as motos, e depois os carros. Sempre debaixo de chuva. Entramos primeiro
na balsa, estacionamos as motos lá no fundo, e ficamos lá esperando a
travessia, de 45 minutos. A balsa é do governo do Chile, e não tem custo algum
para os usuários. Os horários de travessia são 10 hs, 12 hs e 18 hs, para quem
vai de Cochrane a Villa O’Higggins e 11 hs, 13 hs e 17 hs para quem vai no
sentido contrário. Entraram na balsa gente
de todo lugar do mundo. Da Europa, Austrália, Canadá, USA, Chile e Brasil. Aqui
tem gente do mundo todo! Já quase chegando no
porto, já nos arrumamos, colocando capa, casacos, luvas de inverno, balaclava,
etc... Saímos preparados para o pior!
Fomos embaixo de chuva
forte e sem parar, e fizemos os 110 km restantes da Carretera, até Villa
O’Higgins. Muitas curvas, montanhas, lagos, florestas, etc... Havia muita
neblina também, e o Capitinga com o capacete embaçando, tomando todo o cuidado
pra não complicar a pilotagem. O Cris, o americano, com uma moto 650 cc e bem
mais leve, nos disse que tocava a 100 km/h de média no rípio, e foi na nossa
frente. Mas não foi isso que vimos, pois nós estávamos acompanhando e chegamos
juntos no destino, mando andando a 60-80 km/h. A chuva complica um pouco, mas o
rípio excelente e muito firme, sem problema algum, facilitou a tocada. Chegamos
na vila as 20:30 hs.
Fomos para o hotel, na
verdade uma cabana, que já havia reservado pelo Booking (Ruedas de La
Patagonia). A Angelica, dona e gerente, nos atendeu muito bem, tomamos um
banho, e fomos jantar ali perto, à pé mesmo, com capas, pois a chuva não parou
mais!
Jantamos uma carne de
panela com arroz, e pra variar um vinho tinto.
Agora é descanso que
amanhã faremos o passeio final no Glaciar O'Higgins, para fechar a Carretera com chave de ouro!
Continuem conosco!
UHUUUU!!!!!!
ResponderExcluirParabéns a vocês todos!!!
Show de matéria pessoal.
ResponderExcluirParabéns aos viajantes, sigam mandando informações e quando possível as imagens.
Abraços
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Abraços
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