Dia 5: Coroico/BOL a Desaguadero/PE - 270 km
Acordamos mais tarde, lá pelas 6:30 hs, estava escuro ainda, e o tempo fechado com muita neblina. O café da manhã do hotel começava as 8:00 hs e por isso não tínhamos muita pressa, o percurso do dia era curto, e queríamos ver se o tempo limpava um pouco. Acabou limpando mesmo, mas ainda com um pouco de neblina. Arrumamos as motos, e tomamos o café já com as roupas de viagem. Preparamos para o trecho de rípio, murchando um pouco os pneus das motos (gosto de usar 26 libras no pneu dianteiro e 33 no traseiro), pois melhora demais a aderência na terra. Saímos de Coroico por volta de 9:00 da manhã mais ou menos. O hotel Esmeralda, achei "meia boca", não tinha mais ninguém além de nós, e o atendimento não era lá estas coisas. Os quartos são grandes e espaçosos, e o acesso um pouco difícil, uma ladeira muito íngreme com piso escorregadio.
O Guy foi na frente, pois já conhecia o acesso e tinha feito este percurso no ano passado. Passamos pelo centrinho de Coroico, descemos a ladeira de acesso a cidade, e depois à esquerda, na bifurcação por onde chegamos no dia anterior. Logo chegamos em uma vila, e começa a estrada da morte, com seus pouco mais de 25 km de rípio (cascalho), muito bom por sinal. Seguimos, o tempo foi limpando, paramos algumas vezes pra tirar foto, e logo à frente tinha uma cancela, aonde nos cobraram $50 bolivianos por pessoa para atravessar o parque.
Pagamos e seguimos em frente. Ao lado da estrada, várias casas, pessoas trabalhando, secando folhas de coca, serrando madeira, etc... Mas pouco movimento, e não tinha nenhuma bicicleta descendo, até então. Mas aí, começou a chover, mais ou menos do meio do percurso em diante. Na verdade uma garoaO único perrengue da estrada foi que pegamos uma subida bem forte, com uma curva fechada em cima, com cascalho solto e um pouco de barro, e tivemos que passar algumas motos empurrando, pois havia dificuldade de passar, mas nada demais. Fora isto, foi muito tranquilo, mesmo com a chuva fina, a estrada é muito bonita e valeu demais ter feito! Uma ou duas motos compraram um terreninho, mas coisa à toa, nada de mais. Fizemos a estrada subindo, pelo lado de dentro, na mão inglesa, o que é muito melhor do que fazer por fora, descendo, na minha opinião. Mas tudo vale a pena, de qualquer forma! Do meio pra frente, paramos para descansar, e aí sim, começaram a chegar os ciclistas, aos montes, em turmas de 5 a 10, descendo a estrada da morte, e uma van acompanhando. A maioria turistas estrangeiros, inclusive vimos um grupo de australianos que estavam do nosso lado. Seguimos até o final da estrada de rípio, e pegamos o asfalto novamente, sentido a La Paz, que estava a 56 km de distância. A neblina aumentou, e o frio também, até porque saímos de Coroico a 1800 metros de altitude e chegamos em La Paz a quase 4 mil metros! Antes de chegar tem um trecho que chega a 4300 metros, que quase nevou, a temperatura externa marcou 3 graus. Paramos no segundo posto que tem na entrada da cidade, à esquerda, para encher os tanques e os pneus das motos. Como havia parado de chover a uns 5 km atrás, aproveitamos para trocar as luvas, e comer alguma coisa, pois já era passado do meio dia! Gastamos 3 horas pra fazer de Coroico a La Paz, pela estrada da morte, mas andando de boa, sem pressa, e curtindo bastante. Atravessamos novamente o trânsito caótico da capital Boliviana, mas estava bem melhor do que na ida, talvez pelo horário. Após subir até El Alto, pegamos a direita, sentido Desaguadero, que fica a uns 100 km de distância. Seguimos por retas, e poucas curvas, no altiplano, com clima frio, 11 a 14 graus, mas sem chuva. No entanto, como perdemos uma hora e meia para atravessar La Paz, estávamos com o tempo já apertado para conseguir dormir em Puno. E dito e feito. Chegando em Desaguadero, ainda do lado Boliviano, tem que pegar à direita, até a aduana e imigração, fazer a saída da Bolívia e depois a aduana. Perdemos 1 hora mais ou menos com isto tudo, pois tinha uma fila enorme, de alguns ônibus que estavam lá parados. Na verdade se não tivesse a fila, faríamos em 10 minutos, pois é bem rápido. Depois, pegamos as motos e fomos para o lado peruano. Já no Peru, paramos as motos em frente a imigração, pois havia espaço, e ali estava a mesma fila da Bolivia, pois todo aquele pessoal estava indo para o mesmo lado que nós... Pegamos a fila e ficamos esperando. Aproveitamos para fazer um câmbio para a moeda peruana chamada Soles. O câmbio estava de 1 dólar para $ 3,22 soles, quase igual o valor do real. Cada um fez um pouco, eu fiz uns US$ 500,00. Logo fizemos a imigração, e fomos fazer a aduana. Ali foi um pouco estranho, era uma porta com grade igual de cadeia, com uma aglomeração enorme de gente esperando, eram na verdade caminhoneiros esperando a liberação de cargas para entrar e sair do país. De repente saiu um oficial da aduana, gritando "Las 4 motos, las 4 motos", que eu deduzi serem as nossas motos, já que o Guy teve alguns problemas na imigração devido ao nome, e preenchimento da guia, e a moto dele ainda não aparecia, afinal éramos 5. Ele deu uma olhada rápida nas motos, e nos levou com ele para dentro, aos gritos de protestos dos caminhoneiros que nos cercavam. Isto já começou a escurecer, e dali até Puno - nosso destino do dia - ainda restavam 145 km... Entregamos para o oficial os documentos das motos, CNH e passaporte, e ele entrou lá pra dentro para fazer as guias. Logo voltou, e nos perguntou se tínhamos seguro das motos para rodar no Peru. Dissemos que não. Já sabia, do SOAT, um tipo de seguro contra terceiros que tem no Peru, mas não havia tempo ainda, tínhamos acabado de entrar no país! Ele deu uma risadinha, e como no outro dia era feriado, quinta-feira santa, disse que não teria mais como comprar o tal seguro... Resolvemos ficar sem seguro mesmo, e se fosse o caso compraríamos em Cusco. Resolvemos também dormir em Desaguadero, pois já estava tarde e não rodamos à noite. Achamos um hotel chamado CAIRO, pertinho da aduana. Estava vazio, e muito barato, cerca de R$ 30,00/pessoa. Meia boca, lógico! kkk! Paramos as motos dentro do saguão do hotel, pois não tinha estacionamento. Ali eu passei uma das piores noites da minha vida, pois não consegui dormir a 3900 metros de altitude, simplesmente sufocava a cada tentativa de dormir, e passei a noite andando de um lado para o outro no hotel e no quarto... Nem gosto de lembrar! O restante do pessoal até dormiu, o Guy teve problemas com dor na coluna, mas tomou um remédio que eu tinha levado, e melhorou bem. O Castilho também reclamou que não dormiu direito. O Renato e o Edson dormiram bem. Cada um tem uma relação com a altitude, a minha é não conseguir dormir, fico sem ar, outros tem dor de cabeça, outros até desmaiam. E alguns não sentem nada! O problema foi que subimos demais, e muito rápido, sem adaptação. Segundo o Guy, meu consultor oficial em altitude, o ideal é subir 1000 metros por dia. Subimos de Coroico a Desaguadero em 1 dia, ou seja 2 mil metros. Mas deu tudo certo, a noite foi longa mas acabou... No outro dia, sem café da manhã e sob um frio de 10 graus, saímos 7:00 hs do hotel rumo a Cusco.
Dia 6: Desaguadero a Cusco - 560 km
Saimos bem cedo e sem tomar café da manhã, pois o hotel não tinha. Eu ainda meio zonzo, pois não havia dormido nada aquela noite, só precisava de um bom café, e nada de achar um lugar pra parar na pista! Achei um mercadinho em uma cidade a 40 km de Puno, pois era feriado de quinta-feira santa, e quase tudo estava fechado! Comemos um pão, suco, iogurte e só! Tocamos até Puno, abastemos e continuamos a viagem. A única coisa boa da altitude é a economia de combustível! A minha moto está fazendo 25 km/litro! Coisa que eu nunca havia visto! Normalmente faz 15 a 16 km/litro. Chegou a fazer 26. Também estamos tocando devagar, abaixo do que eu costumo andar (120-130), na faixa de 100 a 120 km/h. Isto ajuda muito, além dos pneus durarem bem mais. Depois de Puno uns 80 km, logo após passar Juliaca, tinha um lugar bem legal, uma lanchonete e restaurante, aí paramos, tomei um energético com café, e aí sim, fiquei "zerado", pois quase que dormi na moto por duas vezes! Estava muito mal! Deste trecho em diante a viagem mudou para melhor, pois chegaram as curvas, passamos por um local bem alto e muito bonito, com picos nevados, um mirante, tiramos fotos, e depois seguimos até Cusco, chegando lá as 17:00 hs no horário peruano, que é 2 horas a menos do que o de Brasília. Fomos direto para a Plaza de Armas, nos encontrar com a Rocio Arenas, a guia turística amiga do Renato Lopes, que eu também já conhecia, e que nos levaria para um hotel. O engraçado é que dois guardas municipais nos escoltaram desde a entrada, até a praça, querendo nos ajudar a encontrar hotel, e nos "permitindo" parar as motos ali, que é proibido para carros. Cusco está lotada, feriado de Páscoa, tem gente do mundo todo, e por isso que o Renato ligou para a guia, e nos pediu hotel. Nesta viagem, após muitos anos viajando com hotel reservado, estou viajando sem reservas, e é muito legal, pois imprevistos acontecem, e com a reserva vira loucura para chegar no destino de qualquer maneira. Veja só o exemplo do dia anterior! Resolvemos passar o dia seguinte livre em Cusco, para descansar, sem andar de moto, e nos prepararmos para os Canions! Foi uma sábia decisão, e muito acertada! Eu pedi um tubo de oxigênio no hotel, paguei $150 soles para 2 dias, e isto foi a minha salvação para o bom sono! Saimos para jantar ainda, em um restaurante na praça central. Após o jantar, literalmente apagamos, muito cansados devido a altitude e mal sono da noite anterior. Hoje acordamos mais tarde, totalmente descansados, almoçamos aqui perto mesmo, e daqui a pouco vamos sair para jantar. Nem saí do hotel! Coloquei o serviço em dia, descansei um pouco a tarde, e atualizar o blog! Amanhã começa o foco maior da viagem, que são os Canyons da Cordilheira Branca. Vamos rodar quase 600 km o dia todo, com muitas curvas!
Mas isto eu conto outro dia! Abraços! Não consegui abaixar fotos hoje, mas amanhã eu posto!
boa viagem, que Deus acompanhe, viajando junto com vocês virtualmente, aproveitando seus relatos para minha viagem em Setembro 2017
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