Esta
viagem parece que estava marcada para mudar a cada dia do roteiro programado,
pois a cada dia uma nova surpresa! Os Pasos que queríamos passar estavam
fechados, e os que podíamos passar, limitados a horários em que não foi
possível fazer. Resumindo: não fizemos paso algum nesta viagem, nem mesmo o de
Jama! Vamos voltar antes do programado. Estamos em Salta
agora. Bem, vamos ao dia de ontem...
Ontem
foi sem dúvida um dos mais difíceis e complicados trechos que já fiz de moto
até hoje... Lindas paisagens, montanhas, vulcões, vales nevados, etc... Mas foi
MUITO difícil... A altitude torna tudo mais difícil ainda, pois você perde um
pouco do raciocínio, e só quer chegar logo ao destino.
Acordamos
7:00 hs da manhã, ainda totalmente escuro, para sair às 9:00 hs, como foi
combinado no dia anterior, lá no bar do Martin. Lá no bar estavam também o
amigo Renato Lopes e o seu amigo Vitor Hugo, e também o Kevin, um americano
amigo do Martin, do Colorado, que mora há 2 anos em Cafayate, perto de Salta.
Ele tem uma GSA e também iria nos acompanhar na subida ao Abra el Acay. Ficamos
então em 12 pessoas, pois o Martin também iria.
Saímos
de Cachi exatamente 9 hs, e vinte minutos depois estávamos em frente à estrada
de rípio, que iria nos acompanhar até Susques, pela Ruta40. Rípio bom logo na
saída, e fomos indo, todos juntos. Uns 20 km depois, tinha uma santa, na beira
da estrada, e o pessoal estava parado lá tirando foto. Parei um pouco, e segui
na frente. Logo alcancei o Kevin, que tinha saído na nossa frente, e estava nos
esperando. Segui mais um pouco, e encontrei o Ravedutti e o Capitinga parados
em frente a um escola, e logo à frente na estrada uma faixa de caminho
interrompido. O Padilha estava indo junto comigo. Eu passei eles, o Padilha e o
Capitinga foram atrás, e o Ravedutti ficou um pouco pra trás. Foi a última vez
que vi ele e o restante do grupo ontem. Depois explico... Seguimos eu,
Capitinga e Padilha por aquela estrada “interrompida”. Logo atravessamos um
pequeno riacho (degelo de neve)o, depois mais um, e mais outro, e mais outro, somando
5 ou 6 travessias, fundo de pedra, algumas partes fundas, barranco alto, e
fomos indo... Logo surgiram algumas erosões com água, em curvas, e a coisa foi
piorando, e subindo, já estávamos a mais de 4 mil metros. Em uma das curvas
tipo cotovelo, tinha uma erosão com água corrente, e um buraco muito fundo, com
barranco alto para passar. Coisa de só carro 4x4 passar mesmo. Parei a moto e
avaliei a situação, em cima de um monte de terra fofa com pedra. O Capitinga
foi entrando na água, e já não conseguiu passar, pois está de Versys1000, com
pneu esportivo, liso. O Padilha desceu da moto e ajudou a subir, e deu certo.
Depois fui eu, que passei, com a ajuda do Padilha tbm. Depois foi a vez do
Padilha, que tbm passou. Esperamos um pouco o grupo nos alcançar, e nada.
Inclusive troquei o pano que está segurando o vazamento de gasolina, e nada do
pessoal aparecer. Resolvemos ir em diante, pois já não tinha mais como voltar,
e a altitude estava judiando demais... E fomos encarando aquela estrada,
subindo e subindo cada vez mais. Lhamas, vales e neve foram aparecendo. Em
cerca de 1,5 horas, depois de uns 110 km, chegamos ao cume, o famoso Abra El
Acay, o ponto mais alto da ruta40, a mais de 5 mil metros de altura! Ficamos um
pouco ali, tiramos fotos, filmamos, muito vento e frio, e tocamos em frente,
rumo a San Antonio de Los Cobres, mais ou menos 40 km de distancia, só que
agora descendo, mais fácil, e a estrada melhorou, com algumas retas. Chegamos
em San Antonio, o Capitinga abasteceu, e fomos procurar um lugar para comer
alguma coisa. Não achamos nada que valesse a pena. Paramos na rua mesmo, e
comemos umas bolachas e tomamos água. Até ali foram 160 km. Seguimos rumo a
nova ruta40, para o viaduto Polvorilla, conforme orientação do Martin. Andamos
uns 6 km à esquerda de San Antonio, e entrei à direita, na placa para o
viaduto. Depois de uns 6 km, tinha um índio parado na estrada, fazendo sinal
para parar, mas eu segui em frente. Coisa estranha aquilo! Estava falando o
tempo todo pelo rádio Scala Rider com o Padilha, aliás coisa muito boa nestas
viagens, foi este rádio. Logo chegamos no viaduto Polvorilla, paramos para
tirar umas fotos, tinha um grupo de ciclistas por lá, da Suiça, eu perguntei
para onde era a estrada para Susques, e a moça que atendia em uma loja de
artesanato me disse para ir em frente, passar embaixo do viaduto e seguir,
faltavam 110 km de rípio.
Seguimos
ali, uma estradinha bem estreita, pequena, mas gostosa de fazer. Depois de uns
10 km, chegamos na ruta40, com direito a placa e tudo. A estrada melhorou
absurdo, e com mais retas. Já cansados, começamos a andar um pouco mais rápido,
mas dentro do limite de segurança, é claro! Logo avistei um vulcão, parei pra
tirar fotos, e segui. A estrada realmente muito bonita! O maior problema, é que
depois das retas, tem umas baixadas com água e areia, e às vezes não tinha como
freiar, e passávamos direto... E fomos indo. Muito cansados, chegamos em
Susques às 15:40 hs, depois de mais de 6 horas de pilotagem. Paramos no posto
Pastos Chicos pra comer e tomar um café, banheiro, etc... Estávamos só poeira!
Rsrsrs... Lá entramos na rede wifi, e não tinha mensagem alguma no grupo.
Estávamos lá, eu, Padilha e Capitinga, sem saber aonde estava o resto do grupo,
se estavam vindo, se tinham dado a volta por Salta, ou não... Mandamos um
recado, e nisto, o dono do restaurante/hotel, chamado Pablo, disse que não
poderíamos atravessar a aduana para o Chile, porque estavam fechando às 15 hs,
por causa da neve. E já era passado das 16 hs... E agora?! Pensei um pouco, e
resolvemos ir dormir em Purmamarca, a 136 km dali. Já eram 16:45 hs. Seguimos
por sobre a cordilheira, passamos pela Salina Grande, tiramos foto, e depois
descemos os caracoles antes de Purmamarca, coisa linda, tinha um pouco de
neblina, mas nada preocupante. Chegamos em Purmamarca passado das 18 hs. Ali é
um lugar que já havia passado duas vezes, e sempre tive vontade de dormir. Vi
um hotel pelo GPS, chamado Casa de Adobe, na beira da rodovia, e foi ali
mesmo... Paramos, tiramos as coisas, e entramos na rede wifi. Ali soubemos o
que tinha acontecido, o pessoal estava em Salta, pois o Paso de Jama estava fechado e não tinha como continuar, além disto o dia foi puxado além da conta, e todos estavam muito cansados.
Pegamos
uma cabana para 4 pessoas, muito boa, tomamos um banho, e fomos jantar ali
perto, à pé mesmo. Ótimo jantar, e voltamos para dormir, completamente exaustos
com a puxada do dia! Mas estranho, mesmo cansado, acordei várias vezes durante
a noite, não sei se por preocupação ou pelo ar seco da região. Os hotéis aqui
não tem ar condicionado, só calefação, pois é muito frio à noite.
Hoje
acordamos mais tarde, 7:30 hs, e seguimos para Salta. Eu esqueci o cartão SD
com todos os vídeos de ontem no hotel, e tive que voltar pra buscar, de
Jujuy... Chegamos em Salta quase 13 hs, por El Carmen.
O
pessoal já estava acomodado no hotel Portozuelo, desde ontem, e nos esperava
para o almoço. O Amin já foi nos receber, agilizou tudo, e fomos almoçar, e
colocar as conversas em dia! Gozações, risadas e muitas histórias pra contar!
Uma frase, que eu tirei de um texto do Marco Tulio, e coloquei na camiseta da viagem, resume tudo o que passamos: "Não sei como será o amanhã, e isto é bom! O inesperado põe à prova a nossa fé e renova a nossa esperança."
Uma frase, que eu tirei de um texto do Marco Tulio, e coloquei na camiseta da viagem, resume tudo o que passamos: "Não sei como será o amanhã, e isto é bom! O inesperado põe à prova a nossa fé e renova a nossa esperança."
Resolvemos
ir embora amanhã (quinta), e chegar em casa no sábado mesmo.
Estamos
todos bem, graças a Deus, e iniciaremos o retorno, quero ver se
conseguimos voltar por outro caminho, para mudar o caminho um pouco e
sair do Chaco. Vamos ver. Outra opção
seria pela ruta81, saindo em Formosa.
Vou
tentar atualizar o blog durante a viagem.
Abraços
a todos!
Saída do hotel ACA em Cachi |
Preparando para mais uma travessia |
Sem empurrar não vai... |
Abra el Acay, a 5 mil metros, estrada mais alta da Argentina! |
Viaduto Polvorilla, aonde passa o trem de las nubens |
Na Ruta40 |
Vulcão ativo, entre SA Los Cobres e Susques. Show! |
Salinas Grandes, entre Susques e Purmamarca |
Caracoles de Purmamarca |
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