quinta-feira, 9 de abril de 2015

Dia 07: Cachi a Susques! Seria um desafio?!

Esta viagem parece que estava marcada para mudar a cada dia do roteiro programado, pois a cada dia uma nova surpresa! Os Pasos que queríamos passar estavam fechados, e os que podíamos passar, limitados a horários em que não foi possível fazer. Resumindo: não fizemos paso algum nesta viagem, nem mesmo o de Jama! Vamos voltar antes do programado. Estamos em Salta agora. Bem, vamos ao dia de ontem...
Ontem foi sem dúvida um dos mais difíceis e complicados trechos que já fiz de moto até hoje... Lindas paisagens, montanhas, vulcões, vales nevados, etc... Mas foi MUITO difícil... A altitude torna tudo mais difícil ainda, pois você perde um pouco do raciocínio, e só quer chegar logo ao destino.
Acordamos 7:00 hs da manhã, ainda totalmente escuro, para sair às 9:00 hs, como foi combinado no dia anterior, lá no bar do Martin. Lá no bar estavam também o amigo Renato Lopes e o seu amigo Vitor Hugo, e também o Kevin, um americano amigo do Martin, do Colorado, que mora há 2 anos em Cafayate, perto de Salta. Ele tem uma GSA e também iria nos acompanhar na subida ao Abra el Acay. Ficamos então em 12 pessoas, pois o Martin também iria.
Saímos de Cachi exatamente 9 hs, e vinte minutos depois estávamos em frente à estrada de rípio, que iria nos acompanhar até Susques, pela Ruta40. Rípio bom logo na saída, e fomos indo, todos juntos. Uns 20 km depois, tinha uma santa, na beira da estrada, e o pessoal estava parado lá tirando foto. Parei um pouco, e segui na frente. Logo alcancei o Kevin, que tinha saído na nossa frente, e estava nos esperando. Segui mais um pouco, e encontrei o Ravedutti e o Capitinga parados em frente a um escola, e logo à frente na estrada uma faixa de caminho interrompido. O Padilha estava indo junto comigo. Eu passei eles, o Padilha e o Capitinga foram atrás, e o Ravedutti ficou um pouco pra trás. Foi a última vez que vi ele e o restante do grupo ontem. Depois explico... Seguimos eu, Capitinga e Padilha por aquela estrada “interrompida”. Logo atravessamos um pequeno riacho (degelo de neve)o, depois mais um, e mais outro, e mais outro, somando 5 ou 6 travessias, fundo de pedra, algumas partes fundas, barranco alto, e fomos indo... Logo surgiram algumas erosões com água, em curvas, e a coisa foi piorando, e subindo, já estávamos a mais de 4 mil metros. Em uma das curvas tipo cotovelo, tinha uma erosão com água corrente, e um buraco muito fundo, com barranco alto para passar. Coisa de só carro 4x4 passar mesmo. Parei a moto e avaliei a situação, em cima de um monte de terra fofa com pedra. O Capitinga foi entrando na água, e já não conseguiu passar, pois está de Versys1000, com pneu esportivo, liso. O Padilha desceu da moto e ajudou a subir, e deu certo. Depois fui eu, que passei, com a ajuda do Padilha tbm. Depois foi a vez do Padilha, que tbm passou. Esperamos um pouco o grupo nos alcançar, e nada. Inclusive troquei o pano que está segurando o vazamento de gasolina, e nada do pessoal aparecer. Resolvemos ir em diante, pois já não tinha mais como voltar, e a altitude estava judiando demais... E fomos encarando aquela estrada, subindo e subindo cada vez mais. Lhamas, vales e neve foram aparecendo. Em cerca de 1,5 horas, depois de uns 110 km, chegamos ao cume, o famoso Abra El Acay, o ponto mais alto da ruta40, a mais de 5 mil metros de altura! Ficamos um pouco ali, tiramos fotos, filmamos, muito vento e frio, e tocamos em frente, rumo a San Antonio de Los Cobres, mais ou menos 40 km de distancia, só que agora descendo, mais fácil, e a estrada melhorou, com algumas retas. Chegamos em San Antonio, o Capitinga abasteceu, e fomos procurar um lugar para comer alguma coisa. Não achamos nada que valesse a pena. Paramos na rua mesmo, e comemos umas bolachas e tomamos água. Até ali foram 160 km. Seguimos rumo a nova ruta40, para o viaduto Polvorilla, conforme orientação do Martin. Andamos uns 6 km à esquerda de San Antonio, e entrei à direita, na placa para o viaduto. Depois de uns 6 km, tinha um índio parado na estrada, fazendo sinal para parar, mas eu segui em frente. Coisa estranha aquilo! Estava falando o tempo todo pelo rádio Scala Rider com o Padilha, aliás coisa muito boa nestas viagens, foi este rádio. Logo chegamos no viaduto Polvorilla, paramos para tirar umas fotos, tinha um grupo de ciclistas por lá, da Suiça, eu perguntei para onde era a estrada para Susques, e a moça que atendia em uma loja de artesanato me disse para ir em frente, passar embaixo do viaduto e seguir, faltavam 110 km de rípio.
Seguimos ali, uma estradinha bem estreita, pequena, mas gostosa de fazer. Depois de uns 10 km, chegamos na ruta40, com direito a placa e tudo. A estrada melhorou absurdo, e com mais retas. Já cansados, começamos a andar um pouco mais rápido, mas dentro do limite de segurança, é claro! Logo avistei um vulcão, parei pra tirar fotos, e segui. A estrada realmente muito bonita! O maior problema, é que depois das retas, tem umas baixadas com água e areia, e às vezes não tinha como freiar, e passávamos direto... E fomos indo. Muito cansados, chegamos em Susques às 15:40 hs, depois de mais de 6 horas de pilotagem. Paramos no posto Pastos Chicos pra comer e tomar um café, banheiro, etc... Estávamos só poeira! Rsrsrs... Lá entramos na rede wifi, e não tinha mensagem alguma no grupo. Estávamos lá, eu, Padilha e Capitinga, sem saber aonde estava o resto do grupo, se estavam vindo, se tinham dado a volta por Salta, ou não... Mandamos um recado, e nisto, o dono do restaurante/hotel, chamado Pablo, disse que não poderíamos atravessar a aduana para o Chile, porque estavam fechando às 15 hs, por causa da neve. E já era passado das 16 hs... E agora?! Pensei um pouco, e resolvemos ir dormir em Purmamarca, a 136 km dali. Já eram 16:45 hs. Seguimos por sobre a cordilheira, passamos pela Salina Grande, tiramos foto, e depois descemos os caracoles antes de Purmamarca, coisa linda, tinha um pouco de neblina, mas nada preocupante. Chegamos em Purmamarca passado das 18 hs. Ali é um lugar que já havia passado duas vezes, e sempre tive vontade de dormir. Vi um hotel pelo GPS, chamado Casa de Adobe, na beira da rodovia, e foi ali mesmo... Paramos, tiramos as coisas, e entramos na rede wifi. Ali soubemos o que tinha acontecido, o pessoal estava em Salta, pois o Paso de Jama estava fechado e não tinha como continuar, além disto o dia foi puxado além da conta, e todos estavam muito cansados.
Pegamos uma cabana para 4 pessoas, muito boa, tomamos um banho, e fomos jantar ali perto, à pé mesmo. Ótimo jantar, e voltamos para dormir, completamente exaustos com a puxada do dia! Mas estranho, mesmo cansado, acordei várias vezes durante a noite, não sei se por preocupação ou pelo ar seco da região. Os hotéis aqui não tem ar condicionado, só calefação, pois é muito frio à noite.
Hoje acordamos mais tarde, 7:30 hs, e seguimos para Salta. Eu esqueci o cartão SD com todos os vídeos de ontem no hotel, e tive que voltar pra buscar, de Jujuy... Chegamos em Salta quase 13 hs, por El Carmen.
O pessoal já estava acomodado no hotel Portozuelo, desde ontem, e nos esperava para o almoço. O Amin já foi nos receber, agilizou tudo, e fomos almoçar, e colocar as conversas em dia! Gozações, risadas e muitas histórias pra contar!
Uma frase, que eu tirei de um texto do Marco Tulio, e coloquei na camiseta da viagem, resume tudo o que passamos: "Não sei como será o amanhã, e isto é bom! O inesperado põe à prova a nossa fé e renova a nossa esperança."
Resolvemos ir embora amanhã (quinta), e chegar em casa no sábado mesmo.
Estamos todos bem, graças a Deus, e iniciaremos o retorno, quero ver se conseguimos voltar por outro caminho, para mudar o caminho um pouco e sair do Chaco. Vamos ver. Outra opção seria pela ruta81, saindo em Formosa.
Vou tentar atualizar o blog durante a viagem.

Abraços a todos!
Saída do hotel ACA em Cachi

Preparando para mais uma travessia

Sem empurrar não vai...



Abra el Acay, a 5 mil metros, estrada mais alta da Argentina!

Viaduto Polvorilla, aonde passa o trem de las nubens

Na Ruta40

Vulcão ativo, entre SA Los Cobres e Susques. Show!


Salinas Grandes, entre Susques e Purmamarca

Caracoles de Purmamarca

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Quem sou eu

Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brazil
51 anos, casado, zootecnista, empresário, carnívoro convicto e motociclista.